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Depois criticam os misógenos…

Mulheres, orgulhem-se! Ocupamos as manchetes nesta semana. Estávamos em todas as capas de jornais e em cada um dos telejornais. Nossas representantes? Ah... um triunvirato de arrepiar: Kateryna Zubkova, Ana Laíse Ferreira e Matilde Ribeiro.


Mulheres, orgulhem-se! Ocupamos as manchetes nesta semana. Estávamos em todas as capas de jornais e em cada um dos telejornais. Nossas representantes? Ah... um triunvirato de arrepiar: Kateryna Zubkova, Ana Laíse Ferreira e Matilde Ribeiro.


A elas, pois.


Kateryna Zubkova, 19 anos, é a nadadora ucraniana que levou umas bifas do pai-treinador após não ter obtido vaga para as finais dos 100 metros costas no Mundial de Melbourne. A cena grotesca foi flagrada através de câmeras instaladas nas dependências do complexo onde se realiza o evento esportivo. Até aí teríamos mais uma vítima da violência doméstica como tantas espalhadas pelo mundo, mas... Kateryna compareceu ao juizado junto com seu pai e se disse responsável pelos tapas que levou, já que havia se recusado a terminar um namoro, conforme queria o pai. Ora, ora, ora... que a d. Maria apanhe do marido e releve por que marido preso não bate mas também não paga as contas... eu entendo. Mas esta Kateryna teve a chance de se livrar do emplastro e não quis ou não pode. Ela seria suportada por entidades do mundo inteiro. Ganharia bolsa em Oxford, Harvard, Sorbonne... onde quisesse. Só que a nadadora parece gostar do tralha. Ou de apanhar, como sugeririam mentes mais toscas. Simplesmente medo não parece ser pois se quisesse estaria bem longe do troglodita.


Surge então a estudante brasileira Ana Laíse Ferreira, de 18 anos, que para ganhar a mídia mundial precisou apenas estar em determinado bar londrino, na hora em que o Príncipe William fez a besteira de se deixar fotografar com mais uma fã. Desta vez uma baixotinha de seio à altura da mão real. A brasileira, em ato de igual estatura, tão logo viu a "obra" procurou o The Sun e vendeu a foto por 2 mil dólares. Ou seriam 2 mil libras? Tanto faz, o que vale não é nem o fato de ter vendido ou não a fotografia. Se eu fosse uma estudante "dura" em Londres talvez vendesse também. Se eu fosse piranha (não digo que ela o seja, por favor) idem, afinal... 2 mil dólares mais agenda lotada doravante... nada mal. Não me importo se disse ou não a seguinte frase sobre o príncipe: "ele tem grandes mãos másculas e certamente sabe o que fazer com elas”. Eu só fiquei estarrecida com quem atribuiu a ela mais uma arranhada na imagem da mulher brasileira perante o mundo. Por favor!!! Ela não merece tanta deferência.


Por último tivemos a preciosa entrevista (para a BBC) da ministra Matilde Ribeiro, titular da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial. Aquilo sim é digno de orgulhar qualquer mulher. Qualquer ser humano! "Não é racismo se insurgir contra branco", disse. E mais: "A reação de um negro de não querer conviver com um branco, eu acho uma reação natural. Quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou”. Este raciocínio, reconheçamos, não é exclusividade de Matilde. O MST pensa o mesmo quando diz ser natural quem não tem ocupar a terra de quem tem. Fomentar o confronto parece ser lugar comum nos dias que seguem.


E o despreparo idem. Das três.