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Quase dois anos de pandemia e mais quase dois do inominável. Para quem teve o privilégio de poder cumprir real quarentena, no meu caso por já atuar em home office antes do caos, foi seguro mas puxado. Morando sozinha e amando informação então... a desgraceira entrava sem parar na minha vida.

Alternando entre absurdos vistos e lidos na TV, jornais e rede sociais (as piores pois com possibilidades menos eficientes de seleção), neste período li, vi séries e filmes e ouvi música em muita quantidade. Confesso que houve momentos em que não conseguia fazer os dois primeiros e só a música me apaziguava.

E foi ai que deu-se a grande revelação.

Por caminhos da vida.. mudanças, uniões, separações e, confesso, alma novidadesca, me vi uma pessoa ouvindo música em caixinhas bluetooth espalhadas pela casa. Apesar de equipamentos das melhores marcas do mercado, são caixinhas bluetooth mono, de qualidade limitada. Saudades do meu velho system Gradiente.

Até que o home theater quebrava um galho mas o fato é que são pensados para audiovisual, não para música. Comecei a pesquisar por systems até que achei um lá que me servia e que está na foto do alto. Que avanço! Como alguém que ouve tanta música pode ter se privado de qualidade mínima por tantos anos? E com a aquisição obtive de quebra estimulo para não receber tanto lixo mitomaníaco.

White people problems, sei. É que os problemas de verdade eu deixo na terapia. Aqui é só pra marcar que eu preciso pensar melhor em minhas pequenas decisões cotidianas mas que também grande parte delas não é tão grave que não possa ser corrigida.

Descobri que eu e a cantora Adele temos algo em comum, além da boa forma, claro. E não é a voz.

Olha o daschund que ela carrega.

E já que estou me apropriando de fotos mesmo... abaixo uma que retirei do blog  Don´t touch my moleskine. Esta é a melhor foto que vejo em anos.

Dedico a quem se acha muito requintado por ter perdido o rabo e virado erectus.

A grande vantagem de ter um blog inexpressivo como este é que posso escrever o que quiser, sem medo de apanhar da humanidade. Por exemplo: posso dizer que desde que me conheço por gente acho a chamada vanguarda paulista (de todos os tempos) chata. De Itamar/Arrigo a todas novidades que percorrem o circuito cultural da modernidade ultra cabeça do tipo Petit, Becker, Aidar etc.

Eu não estou dizendo que são ruins. São bons. Apenas os acho chatos. Também não quero que sumam e parem de trabalhar. Ao contrário, que prosperem. Posso achar chato? Posso achar o que eu quiser?

Só não entendo, acompanhando o imbroglio que envolve Alvaro Pereira Jr., da FSP,  porque os adoradores deste povo podem malhar Restart e Claudia Leite (e faço coro a eles) mas o mesmo não pode ser feito com os queridinhos do universo alternativo-cabeça-universitário.

Sei que o jornalista fez insinuações/considerações políticos-econômicos... mas me irrita observar que este país anda num processo crescente de democracia "só para mim".

Só para o que "eu" penso e acredito.

Era fã e continuarei sendo. E considero Amy Winehouse uma super artista. Lamento sua morte profundamente. Agora vamos a outros comentários interessantes observados aqui e ali.

Patrulha anti-drogas acha que ela mereceu morrer assim. Que devemos lastimar, isso sim, a morte dos jovens no atentado na Noruega. Pergunto: o que uma coisa tem a ver com a outra? Parece gente que olha pra mim e diz que eu não deveria tratar tão bem meus cachorros pois tem gente passando fome no mundo.

A culpa é do sistema, que suga a alma e os níqueis de suas vítimas, artistas talentosos. Por favor. A vida  tá puxada para todo mundo. Cartão de crédito, cheque especial, patrão, cliente, ex-mulher, parente abusado, vizinho mala, trânsito, SERASA, doença, velhice, desemprego, desamor... não está mole pra ninguém. Uns dão conta "de cara", uns tomam umas talagadas, outros dão umas "baforadas". Há a turma do Rivotril, Frontal, Fluoxitenia etc. Os que perdem o controle, os que sublimam e seguem em frente. Há de tudo. Amy se entorpecia mas parece que nunca era suficiente e consta que teria perdido o prumo. Lastimável. Acontece. Bad choices.

Ai entra a turma das viúvas que, apaixonadas, acham que ela era style e tudo de bom. E isso me faz lembrar meu amigo Fernando.

Fernando era minha sombra. Onde andava um ia o outro. Doidos, passavamos noites e noites encarnando personagens de Dostoievski. Eu, Martiuska, ele, Fernandosvi. Insuportáveis.

Ela era a pessoa que, naquele momento, eu julgava mais inteligente no universo. E sob certo aspecto era mesmo. O cara que me apresentou Rimbaud. Mas um dia, durante o Festival Cio da Terra, em Caxias do Sul, isso acabou. Eu estava lá para cantar com minha banda (???) e ele pra fazer festa tão somente. Quando terminou nossa apresentação fui procurar Fernando. Em vão. Ele havia partido em uma ambulância após injetar conhaque nas veias.

Conclui que sua inteligência não era a mesma minha. Ali percebi que minha inteligência era mais voltada à busca de equilíbrio. Algo que alguns "doidões" qualificam como mediocridade.

Neste dia Fernando não morreu. Não ali, apenas alguns anos depois e de complicações decorrentes da AIDS. Era um Tom Sem Freio. Intenso em tudo. Errava na dose e errava no amor. Um bareback na vida.

Não há quem consiga controlar alguém assim. Fazer o que? Dizer um "que merda" e seguir em frente. Sem apedrejar e nem santificar. Só isso.

Tendinite e dois antiinflamatórios porretas. Alguns remédios têm o poder de, para além do sono, baixarem meu astral. Não deprê que eu não sou disso... melancolia, talvez.

Então acordei e logo fui ouvir meu queridão, que largou o ofício.

Ainda tenho ao menos 15 dias desta pasmaceira.

Regravações de músicas, algumas vezes, podem ser interessantes. Há casos em que novas versões ou releituras ficam bem legais. Mas eu odeio, e registro em negrito a palavra para dar a dimensão exata do meu sentimento, quando os intérpretes diminuem o andamento original e transformam a canção em uma baba monumental.

É comum quando tentam "bossanovizar" a música. Tornam lentinha, lentinha. Boring, boring.

Não entenderam? Dois exemplos. O primeiro é esta versão para "Back to Back" (de Amy e Ronson), cometida pela Belô Veloso.

E esta clássica pasmaceira perpretada por Leila Pinheiro.

Gente. Isso é muito chato. Pra que entristecer ainda mais o que já é triste?

Um passeio no shopping e fui conferir as quinze últimas músicas que o aleatório do iPod mandou.

01. Rejoicing in the hands - Devendra Banhart
02. Living hell - Morcheeba
03. Überlin - R.E.M.
04. Drowning in love - Tok Tok Tok
05. VCR - The XX
06. (Am i just) Fooling myself - Eli Paperboy Reed & The True Loves
07. Nausea - Beck
08. You Gave Me Nothing (Featuring Rose Elinor Dougall, Andrew Wyatt) - Mark Ronson
09. Army of me - Bjork
10. After glow - Foals
11. How will I know - Steve Wonder
12. La chambre d'amis - Benjamin Biolay
13. If you never come to me (Inutil) - Sinatra e Jobim
14. Chère Trahison - Melissa Laveaux
15. Born to run - Bruce Springsteen

Não me envergonho de nada.