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Curitiba, 2,48 salas por filme

Nunca a cidade contou com tantas salas de cinema... e com tão pequena variedade de filmes.


Nunca Curitiba contou com tantas salas de cinema e, paradoxalmente,  com variedade tão pequena de filmes. A cidade tem hoje 62 salas e nesta data, dia 27 de abril de 2006, apenas 25 em cartaz, numa média de 2,48 salas para cada filme em exibição. Destes filmes, vale destacar, A Era do Gelo 2 ocupa 17 telas. Ou seja, 27,41% dos cinemas passa  este desenho.


Então é dentro deste panorama que olho o jornal e peno pra escolher um filme. Se tirar desenhos animados e infantis... tirar os de Oscar, que já vi todos... tirar os que passam nas sucateadas salas da Prefeitura... tirar o "cinemão americano", que considero  fora de questão (16 Quadras, V de Vingança, Anjos da Noite, O Novo Mundo etc)... resta quase nada.


Aí começa a fila de filmes nacionais que não estão passando nas salas da prefeitura: Ônibus 174, Boleiros 2Irma Vap, Mulheres do Brasil, Se eu Fosse Você e Brasília 18%. Tiro da fila Irma Vap pois não gosto de teatro, quanto mais de teatro filmado. Se eu Fosse Você já vi e ri muito. Ônibus 174... hum... o episódio é dramático mas não me interessa reprisá-lo na telona. Boleiros só passa na terça-feira... pronto. Escolhi Brasília 18%, de Nelson Pereira dos Santos.


Não posso dizer que me arrependi porque eu queria mesmo dar uma saída, ir a um cinema... enfim. Mas o filme é bem ruim. O roteiro é péssimo, com falhas grotescas. Nada é explicado. A personagem de Ricceli (com sua "maravilhosa" dicção de sempre) é um legista que ao invés de analisar o cadáver fica ouvindo testemunhas, vendo fotos e delirando com a mulherada (viva ou morta).


O diretor consegue não valorizar a beleza de Malu Mader. "Fazer o quê? Envelheceu", dirão alguns. Tá bom... e por acaso a Sharon Stone não tem marca alguma no rosto? Malu Mader é pra ser bonita e ponto... se ela e os cineastas pensam o contrário... pensam errado.


Aquele negócio de "batizar" as personagens com nomes da literatura... que idéia infeliz. Dizem que Pereira dos Santos pretendeu com isso mostrar como já tivemos grandes homens (e mulheres) e agora nossos representantes são tão homenzinhos (mulherzinhas). E vão surgindo em cena Olavo Bilac, o editor Martins Fontes, Joaquim Manoel de Macedo, Georgesand, Jean-Paul Sartre, Augusto dos Anjos. Machado de Assis e outros tantos. Uma chatice que só serve para nos desviar a atenção do pouco que há de roteiro.


Assim não dá! Fala-se tanto em diversidade. Vou criar uma ONG pra defender a diversidade de filmes nas salas curitibanas. Do jeito que está só temos mais do mesmo... e o mesmo não está lá grande coisa.  Precisamos variar. Que tal um pouquinho mais de cinema europeu, neo-zelandês, turco ou seja lá o que for?