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Ser humana me cansa

Há dias nos quais acordo com sentimentos tão... humanos. E refiro-me obviamente, ao pior sentido da palavra.

Há dias nos quais acordo com sentimentos tão... humanos. E refiro-me obviamente, ao pior sentido da palavra. Noite destas, assistindo a um trecho de Suave Veneno, vibrei ao ouvir de Luana Piovani a seguinte frase: "isto é pra aprender que não tinha nada que vim fazer aqui". Eu, que em geral não sigo qualquer credo ou mantenho qualquer crença, me vi agradecendo a Deus pela oportunidade de ver que ela não é perfeita. Sentimento pequeno e típico da "mulherzinha" que sou.


Fico mais feliz ainda (outro estranho e mesquinho sentimento) ao dar uma olhadela nas manchetes da semana e constatar que não estou sozinha em minha pequenez. Vejam o exemplo do que aconteceu com Gustavo Kurten, o Guga, em Rolland Garros.


Guga vinha bem no Aberto Francês. Estava embalado e feliz com seus resultados. A mídia exultava com a possibilidade de ver novamente nosso tenista erguendo a "bacia". Mais do que isto, a mídia já fazia os cálculos para mensurar os pontos que nosso "herói" precisaria para chegar ao Olimpo, ao primeiro lugar do ranking da ATP. E o que aconteceu então? No dia em que Guga entraria na quadra para tentar vaga nas quartas-de-finais, os jornais, as TVs... até o Baguete... todos... saem-se com esta manchete: "Guga não pode mais ser o nº 1". Bacana! Animador! Que grande incentivo ao jogador.


Neste dia, acordei às 7 da manhã para ver a transmissão da ESPN, e o que pude ver foi um jogador apático, sem garra, sem qualquer tesão. Um cara que entrou derrotado na quadra. De que vale um título no Gran Slam se não há a possibilidade de ser o nº 1? Introjetaram no nosso garotão esta porcaria de sentimento e não me venham dizer que um atleta do porte dele deve ter equilíbrio suficiente para superar estas situações. Tênis, muito mais do que aparenta, é um esporte individual. Nem com o técnico é permitido falar durante a partida. E nesta hora de extrema solidão, um ânimo derrotado não reverte nada.


Marília Gabriela, a que um dia já foi considerada nossa Oriana Fallacci (grande repórter italiana, musa de uma geração de jornalistas), é capaz de perceber a miudeza humana como poucos. Só que por alguma estranha razão abandonou a boa prática do jornalismo e caiu em um mundanismo primário inqualificável. Quarta-feira à noite, durante minha "zapeada" habitual, paro um pouco para ver SBT Repórter (que original nome!).


A idéia do programa, me pareceu, era mostrar um pouco da história do Brasil Imperial via história de príncipes e princesas. E então deu-se um gancho (era preciso linkar) maravilhoso. Depois de mostrar Caroline, Stephanie, Lady


Di e a nova esposa do príncipe Edward, Marília sai-se com esta: "no mundo, milhares de mulheres sonham com a possibilidade de se tornarem princesas. Ninguém melhor do que um príncipe para nos contar o que é necessário para conseguir isto". E corta para nosso modelo mais próximo de príncipe... D. Joãozinho, que diz: "ela deve ser discreta, blá, blá, blá, blá...".


Que vergonha de mim, da mídia e de Gabi.