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A caixa esvaziadora

O horário das competições em Sidney é tão desfavorável ao Brasil que a Globo antes mesmo de transmitir a solenidade de abertura já anunciava a reprise.

O horário das competições em Sidney é tão desfavorável ao Brasil que a Globo antes mesmo de transmitir a solenidade de abertura já anunciava a reprise.

Anunciar, aliás, é com a Globo mesmo. Durante a semana não foram poucas as chamadas para o Festival que, segundo textos da emissora "está revelando os novos talentos brasileiros".

Realmente com este festival a emissora está lançando novos talentos. Renata Ceribelli de jornalista transforma-se em atriz. Decora texto alheio e manda ver na enganação. Brito Júnior também abandona o jornalismo para virar um bobo alegre. E Serginho Groisman... bem... este já está conformado no papel de dublê.

Só está faltando fazerem um jogralzinho de louvor aos novos talentos revelados no programeco para a cretinice ser total.

Vocês devem querer saber o motivo para tanta ira. Simples: ouvir um flash de Ceribelli dizendo que o festival conquistou as ruas (ou algo do mesmo quilate) é mais grave que nos enfiar Rubinho Barrichelo garganta abaixo. É desprezar a inteligência das pessoas.

Faz lembrar o livro lançado por Jerry Mander, há mais de 20 anos, "Quatro argumentos para a eliminação da televisão". Neste livro, entre muitas bobagens, Mander escreve algumas coisas interessantes e não me refiro a suas teorias sobre grande complô mercadológico das redes de televisão.

Gosto quando fala que assistir TV não nos faz descansar nem sequer ficarmos agitados. Aprecio quando diz o óbvio, que a única coisa que a TV tem a oferecer são... ofertas. Em minha livre tradução ele diz que a televisão nos deixa sem pensar mas não como em um exercício de meditação que nos leve à liberdade da mente, ao relaxamento ou à renovação. Como ele diria, a mente nunca está vazia, a mente está cheia. Só que cheia de pensamentos e imagens obsessivas alheias.

E a única maneira disso não acontecer é... desligando a TV. Mudar de canal só lhe dará mais da mesma coisa.

E imagino serem os ideólogos desta natureza os verdadeiros gurus de nossos programadores, que ao invés de usarem a literatura para a correção dos rumos, a usam como manual de estilo para prender aqueles que ainda suportam ver TV.

A estes é fácil programar, deixa claro o escritor.