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Paz na terra,por favor.

Se o ano fosse 1989 talvez tivesse recebido uma carta. Se estivéssemos em 1999 possivelmente ela teria ligado para mim. Como estamos em 2009 a conversa foi pelo MSN. Poderia ser no GoogleWave, Facebook, Skype, Twitter ou qualquer outro. Tanto faz. Os meios mudam mas a angústia de final de ano permanece a mesma para grande parte das pessoas.


Se o ano fosse 1989 talvez tivesse recebido uma carta. Se estivéssemos em 1999 possivelmente ela teria ligado para mim. Como estamos em 2009 a conversa foi pelo MSN. Poderia ser no GoogleWave, Facebook, Skype, Twitter ou qualquer outro. Tanto faz. Os meios mudam mas a angústia de final de ano permanece a mesma para grande parte das pessoas.


Rola uma histeria coletiva neste mundinho ocidental a partir de novembro. “Quais seus planos para as festas”? Você não consegue um profissional para pequenos reparos na sua casa porque todo mundo quer deixar a casa bonita pro Natal e eles estão enchendo a burra. As casas estão sem cortinas porque elas deve estar limpas para o Natal. Clientes que ficaram sentados sobre projetos por até meses decidem querer tudo “para ontem”.


O trânsito fica ainda mais insuportável. Shopping é item que criaturas de bom senso sonham abdicar nesta época. Todas pessoas cheias de planos para as festa de final de ano enlouquecem na extenuante tarefa de executá-los.


E eu aqui “ouvindo” no MSN minha amiga reclamar que está meio down porque é final de ano. Que não tem planos. Que espécie de pessoa não tem planos para o final de ano??? Como me relaciono com alguém deste naipe???


Argumento que este sentimento é comum a (quase) todos. Eu não gosto desta época e nada tem a ver com melancolia do não-feito e do por-fazer. Eu nunca gostei e de uns anos para cá gosto menos ainda. Por razão muito prática.


Moro em Curitiba. Meus pais no interior do estado e minha sogra noutro lado. Pressões familiares nos puxam para cá e para lá. Como os pais estão já com idade avançada, para satisfazê-los acabamos passando o Natal com alta sensação de não-pertencimento, em cantos distintos. O que eu odeio. A não ser quando viajamos para lugar neutro, o que é outro inferno pois aeroportos e destinos ficam esbanjando alegria (leia-se, gente) nestas datas.


Explico isso para minha amiga na esperança de que ela tenha bem clara a ideia de não estar só neste sentimento. De que a obrigação de ser “feliz” não é cobrada apenas dela.


A grande verdade é que sempre que me vejo no turbilhão dos preparativos pré-natalinos e neuroticamente tentando viabilizar qualquer plano de final de ano... morro de arrependimento e de inveja de quem não tem plano algum.