Pular para o conteúdo

O show do caos. Ou o caos do show?

Quem merece o descaso apresentado na abertura da venda dos ingressos para o show de Chico Buarque em Curitiba? Produtora, teatro e público se completaram na formação de um cenário vergonhoso.


Hoje fui comprar ingressos para o show que Chico Buarque fará em Curitiba no começo de abril e fiquei estarrecida com tudo o que vi e sofri por lá. Era o primeiro dia de venda e estava lá antes da abertura da bilheteria mas mesmo assim enfrentei filas longas, demora de atendimento, lerdeza, incerteza de ainda haver ingressos, permissão inicial aos cambistas... tudo isso.


D. Verinha Walflor, produtora de evento, parece estar pouco se lixando para a clientela pois apesar da propalada crise, gente disposta a pagar R$ 140,00 (preço "promocional") para ver o compositor não falta. Fico feliz que tantos fãs se disponham a prestigiar e "degustar" tal trabalho mas lastimo enormemente que boa parcela deste valor vá para as mãos de produtora que respeito algum parece ter com seu público consumidor.


Informação é coisa nula. Depois de 4 horas de espera na fila nada se sabia. Haveria ingressos? Quantos poderíamos comprar por pessoa? Quando seriam liberadas as vendas pela internet? Nada.


Policiamento nem pensar. Presenciei dois assaltos e assédios de bêbados. Mais não houve por sorte. Fácil seria. Se ao longo da fila não havia fiscalização, perto do guichê a situação lembrava cenas de motim na penitenciária. Uma massa humana (?) desordenada, desrespeitada e desrespeitosa brigava literalmente por seu lugar na reta final do deveria ter alguma ordem.


Volta e meia eram ouvidos gritos de xingamento contra sei lá quem... se público ou organização.


Sinceramente todo este descaso não me surpreendeu. Aliás, devo confessar que a esta altura da vida poucas são as coisas ainda capazes de me surpreender. Mas há algumas, muitas, capazes ainda de me enojar.


À minha frente, na fila, umas "colegas" jornalistas pretendiam como eu comprar ingressos. Só que, não contentes em deixar que uma e outra amiga se juntasse a elas, telefonavam para amigos e ofereciam-se para comprar mais ingressos, o que pra mim constituiu em furadas de fila descaradas. Calculei que comprariam uns 40 ingressos se somadas as presentes e ausentes.


Pensei: "todo mundo fazendo isso vou me ferrar. Quando chegar minha vez não haverá mais ingressos". E fui além: "olha só este bando de jornalistas... saem daqui e vão pras redações defender a ética. Falam mal das negociatas do filho do Lula mas estão aqui furando fila e oferecendo vantagens a seus pares... êta gentinha hipócrita".


Tudo caminhava para completar cinco horas de fila quando entro em surto e desisto do show. Chico que me desculpe... mas tô fora. Produtora incompetente, teatro sem estrutura para grandes eventos e público cafajeste... é demais pra mim.







Em tempo:


1. O Teatro Guaira precisa com urgência de um telão externo que mostre o andamento das vendas. Não é humano uma pessoa ficar 6 horas em uma fila, sem qualquer segurança de conseguir ou não um bilhete. Se as vendas forem divulgadas com transparência, a pessoa que está na fila terá subsídios mais confiáveis para decidir se fica ou não aguardando;


2. me perdoem aqueles que argumentam ter família grande mas a venda deve ser limitada a no máximo 6 ingressos por pessoa. Com tantos amigos ou familiares não será difícil encontrar mais um ou dois acompanhantes para a fila;


3. é urgente a implantação de um sistema de vendas online mais eficiente; e, finalmente,


4. está caindo de madura a necessidade de concorrência para Verinha Walflor.





Em tempo dois:


Consegui ingresso pela internet. Justiça divina, eu diria se acreditasse nisso, claro (em justiça  e em divindades).