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Os donos do mundo e amigos do garantido

Mundial de Clubes passa de "Campeonato Mundial de Times de Várzea" a manchetes grandiloquentes.

Abro a Folha de São Paulo de sexta-feira e antes de começar a ler, como de costume dou uma olhadela geral. Estranho a capa do caderno de esportes: "A quem pertence o mundo"? É claro que a manchete faz referência à final do primeiro Mundial de Clubes, organizado pela FIFA. O estranhamento se justifica quando comparo a grandiloqüência da chamada à tudo que foi dito do campeonato, dentro da própria Folha, inclusive.


Longe de ser respeitado, tal campeonato era até chamado de "Campeonato Mundial de Times de Várzea" e coisas do gênero. Notícias sobre o descaso com que times como o Manchester, por exemplo, a tratavam eram freqüentes.


O que mudou? Na minha modesta e paranóica opinião uma coisa: a final é entre Vasco e Corinthians. A glória para imprensa paulista e carioca, que encontrou uma arena para o que eles consideram uma disputa para ver "a quem pertence o mundo". Já que nunca conseguiram chegar juntos a uma final em Tóquio, eis que estão felizes.


E já que hoje estou me metendo na seara do meu colega Otávio, comento também algo ouvido na tarde de quinta-feira, na Rádio CBN. A repórter estava na fila para a compra de ingressos no estádio São Januário, no Rio de Janeiro.


Lá encontrou um "personagem" (é assim mesmo que nós, jornalistas, chamamos nossos entrevistados... sobretudo em matérias de comportamento... numa clara prova de que antes de serem escritas as reportagens já estão com roteiro praticamente pronto).


Voltando... lá encontrou um personagem que estava na fila desde as 6 horas da manhã de quarta-feira. Já não acho muito normal mas fiquei imaginando o que pensava a mulher do cara, que segundo o "personagem" estava no hospital pois o filho do casal havia nascido enquanto ele estava na fila de ingressos. E ele nem havia visto o filho ainda, o que não é nada ante uma decisão sobre a propriedade do mundo. Algo bem mais relevante. 


Putz... já falei de jornal e de rádio. Cadê a TV? Objetivo desta coluna. Vamos lá... Não falarei de programas específicos, mas de algo que venho observando há algum tempo na Globo. O assunto me veio à cabeça depois de assistir uma entrevista com Hans Donner durante o lançamento de seus relógios comemorativos aos 500 anos de descobrimento.


Aliás, estou convencida de que quem descobriu o Brasil foi o próprio. Que achado para ele! Praticamente monopolizou o posto de "fazedor" de abertura de novelas e vinhetas na Globo. Fez grandes trabalhos na emissora e ali permanece até hoje... se repetindo. Ou o que é pior... nem isso.


Não chego a dizer que o cara é ruim. Longe disso. Só não sei se é realmente o melhor pois não vejo outros. E já me cansei dele.


Fui aos mecanismos de busca procurar um site que mostrasse a lista dos trabalhos do artista. Encontrei o do próprio mas não continha tal enumeração. Achei, em contrapartida um site trazendo entrevista com o próprio. Não apresentava a lista mas o site tinha o sugestivo nome de Movimento Amigos do Garantido.


Isto explica.