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Os programas eleitorais precisam readequações

Estava escovando os dentes hoje pela manhã quando pensei que o programa eleitoral gratuito precisava de uma mudança radical.

Estava escovando os dentes hoje pela manhã quando pensei que o programa eleitoral gratuito precisava de uma mudança radical. Ao invés de bancados pelos próprios candidatos, os programas de rádio e televisão seriam sustentados por um fundo qualquer destes que existem por aí e que parecem não ter fundo mas onde sempre rola uma “graninha”.


Pois bem...


Ao invés das “criações” que nos são ofertadas, faríamos dos candidatos algo como participantes de um reallity show. Pensem que bacana seria uma câmera, nos quarenta dias que antecedem as eleições, acompanhando dia e noite os passos dos nossos futuros governantes.


Isto sim seria realmente “No Limite”.


Vocês podem imaginar a vida de um candidato que, na longa e decisiva reta final, fique impossibilitado de falar a sós com seus assessores... comparsas... e financiadores?


Gostaria de vê-los obrigados a não falarem qualquer coisa que os pudessem comprometer. Suspeito que faltaria conversa e ação neste programa... mas quantos não deixariam cair definitivamente a máscara?


As pesquisas apontando queda do candidato e o comitê dele ali... sem um contato privado sequer. Nem um mísero segundo.


Imagine qualquer um filmado o dia inteiro? Neguinho algum agüenta quarenta dias sem mostrar sua verdadeira face. O que agüentar, ou é o mais canalha ou o mais santo.


E tudo com fiscalização dos partidos (na ínfima hipótese que permitam tal tipo de programa já que decisões como esta acabam sendo deles... depois de alguns acordos entre as bancadas).


Bem... é claro que o banho dos candidatos seria gravado mas não veiculado. Nada a ver com moral e bons costumes... É pra não corrermos o risco de daqui a pouco sermos governados pelo Cláudio Heinrich ou uma popozuda qualquer. Ou alguém votaria em nossos usuais candidatos depois de vê-los no chuveiro?


Cenas de escatologia também seriam afastadas. Quarenta dias sem... digamos... soltar gazes é para poucos. Não eructar depois da décima Coca-Cola do dia? Heróico!!! Não... pouparemos os candidatos deste constrangimento. Para isso já nos bastam as câmeras em elevadores. Sexo? De jeito algum! Não queremos cenas bizarras.


“Grava mas não mostra!”, bradaria Maluf.


A audiência poderia ser baixa, mas não menos do que já é. E veríamos muito... muito mais.


Mas como sei que está proposta jamais receberá apoio dos partidos, armei um contraplano.


Pensei que, ao invés do realitty show, pudéssemos fazer então uma gincana. Que beleza! Uma gincana aos moldes das feitas em qualquer programa de auditório.


Na bancada estariam os candidatos. Campainhas e microfones a postos para que respondam às questões apresentadas. Cada resposta certa corresponde a um determinado número de pontos.


Eles podem responder, apostar, passar e até consultar suas  equipes, compostas pelos secretariados propostos pelos candidatos.


Entrariam perguntas referentes aos municípios e estados pelos quais se candidataram. Mas entrariam outras perguntas também. E o povo teria participação percentualizada, ao vivo e gratuita através de telefone, fax e e-mail. Ou de câmeras espalhadas nas ruas.


Aquele que alterasse a voz ou desqualificasse um oponente perderia pontos. E por aí vai. No final é declarado o vencedor. Se o vencedor o convenceu, vote nele. Se não... escolha aquele que o convenceu por alguma razão (nem sempre aquele com o qual nos identificamos é o mais rápido e gincanas são vencidas pelos mais ágeis física e mentalmente... não necessariamente pelos mais competentes).


Programas eleitorais são longos. Especialmente os de segundo turno. Não são coisas para publicitários, mais ambientados com espaços de 30 ou 60 segundos. Fica aquele videoclipe de bobagens fenomenais. Uma música que, se não é cretina, acaba se tornando uma depois de tanto atormentar nossas orelhas. Seguem imagens de crianças, apertos de mãos e passeios em bairros... aí entra o candidato, no estúdio, falando suas propostas (?). Corta e entra um monte de imagens em palanques, carros de som etc. Uns três ou quatro depoimentos de populares nem sempre tão populares assim... alguns apoios... uma vinheta do partido... uma faixa com slogan ou denúncia contra o principal opositor... e pronto.