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Há no Brasil um tenista chamado Thomaz Bellucci. Há no Brasil um grupo de torcedores/jornalistas de tênis que acreditam em Bellucci. Pior, há no Brasil um grupo de tenistas/torcedores que querem me convencer a torcer para Bellucci porque, afinal, ele é brasileiro. E ainda pior, há no Brasil um grupo de tenistas/torcedores que querem me convencer a torcer para Bellucci dizendo que com as condições oferecidas, já é um milagre termos um Bellucci.

Hello!!!

Eu não sou daquelas pessoas quer torce por alguém por exclusão. "Ah, é o melhor que temos, vamos torcer para ele". Eu torço por afeição. Se o esportista tem chances, tanto melhor. Eu torço pra Viviane Segnini e ela é a número 353 do mundo.

E não torceria para Bellucci nem se ele tivesse nascido no meu prédio. Ser brasileiro, sinto muito se não concordam, não é afinidade suficiente para nada.

Vou torcer para ele porque, afinal, já é um milagre termos um brasileiro entre os 50 melhores do mundo considerando as péssimas condições ofercidas? Vamos nos lembrar de algo. Não foi Bellucci quem falou mal dos técnicos e ex-jogadores brasileiros, dizendo que eles nada fazem pelo esporte no país? Esquecemos então que estes também enfrentam as mesmas faltas de condições que ele? A comiseração só vale para um lado?

E nem é só por isso. Sou campeã de falar merda também. A proteina dele não bate com a minha. Sou obrigada a gostar?

Não torço contra. Não quero que tenha tennis elbow e vou até aplaudir se assisti-lo jogar bem, perdendo ou ganhando.

Mas ser fã  é pedir demais.

É  fato que meu tenista favorito, o suíço Roger Federer, ainda vai abiscoitar um troféu aqui e ali. Talvez até um ou outro dos grandes. A seus detratores digo que sua "decadência" significa estar pelo menos nas semifinais de TODOS os torneios que joga.

Mas está na hora de começar a pensar em quem vai substituí-lo em meu coração e sinto que não será pela qualidade dos golpes que escolherei, visto que o que se apresenta não me agrada: Nadal, com dias contados também; Djokovic, não simpatizo; DelPotro, muito esquisito; e Murray é ele e isso me basta.

Então me chega esta fotografia e coloco o espanhol Feliciano Lopez como primeiro da fila.

Enquanto aguardava o instrutor esta manhã lembrei de uma história boba que me divertia. Nos meus tempos de extensão rural percorria muitas pequenas propriedades familiares. Aquelas em que o próprio dono mete a mão na enxada. Este pessoal, caso não saibam, acha otário o povo da cidade. Sabe a mania que o urbanóide tem de achar o colono "capiau"? Pois com eles é o mesmo. Acham que alguém que nunca plantou o que comeu é um bobão que nada sabe da vida.

E nisso adoram mostrar os calos, para eles sinônimo de gente "trabalhadeira". E era ai que eu os conquistava. Quando vinham falar em calos eu logo mostrava os meus. Pegavam nas minhas mãos e olhavam rindo. "Nossa! Esta trabalha mesmo".

Não sabiam que meus calos eram da raquete de tênis e do violão.

Todo ano a revista Forbes publica ranking das pessoas “mais”  do mundo.  Mais ricas, mais celebs, mais arruinadas... Outro dia, num consultório, vi uma destas pesquisas que apontava o ranking das maiores celebridades do mundo. Esta qualidade era aferida por uma fórmula que misturava dinheiro recebido com aparições nas diversas mídias. Era de julho de 2010.

Então fui olhar quem por ali andava e me chamaram a atenção os nomes das irmãs Venus e Serena Willians, Maria Sharapova e Gisele Bundchen. Não me surpreendi, claro.  Estranharia se não fizessem parte da lista. Mas me perdi em pensamentos estranhos. Vejam as concatenações...

Uma recente pesquisa apontou que parcela significativa de jovens do mundo todo, quando perguntados sobre o que pretendem ser quando adultos, respondem simplesmente: “famosos”.  Quando alguém diz isso não penso que sua ambição é a de ser um médico reconhecido pelo seu trabalho, um jornalista consagrado por sua importante cobertura do Oriente Médio, um arquiteto que projete o novo Guggenheim. Logo imagino um futuro modelo, DJ ou BBB. Algo por ai.

Então “maquiavelei” uma dica pras meninas, especialmente. BBB tem vida curta. Ex-BBB nem se fala. DJ não dura muito também e logo cairá na vala comum de todos os ex-webdesigners e afins. Modelo... bem... modelo a gente sabe que não é tão fácil quanto  se imagina. Tem uma Kate Moss  para 500 mil Marianas (que além de tudo é ex-BBB).

A solução que encontrei foi que estas moças bonitinhas mas não tanto para brilharem no mundo da moda se tornem tenistas profissionais. Não é tão fácil pois precisa saber um mínimo dos fundamentos. É necessário começar tão cedo quanto uma aspirante a modelo mas pelo menos pode comer bem mais.

E podem até dar a sorte de faturar um ou outro torneio pois a concorrência é fraca mesmo. Né não  Maria Sharapova e Ana Ivanovic?

Se  a ambição for um pouco menor o caminho estará escancarado. Ser a melhor tenista do Brasil é hoje a coisa mais fácil que existe. Nem eu, que sou fã do esporte, sei quem são as cinco melhores jogadoras do país. Este anonimato é eloquente.

E uma mocinha bonitinha raqueteando vai aparecer no Globo Esporte, Fantástico e Caras com certeza.

*Fotos dos respectivos sites oficiais