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Segunda e terça-feira estive totalmente envolvida com a visita de Tenzin Gyatso, o XIV Dalai Lama.

Segunda e terça-feira estive totalmente envolvida com a visita de Tenzin Gyatso, o XIV Dalai Lama, que veio a Curitiba para o seminário Valores vHumanos e sua Prática na Vida Cotidiana. Sua Santidade, como o chamam os budistas, é uma figura engraçada. Ri dos próprios “erros do seu inglês ruim” e responde infinitas vezes as repetitivas perguntas que lhe fazem. E por mais distintas que sejam estas repetitivas perguntas, as respostas sempre seguem o mesmo caminho e desembocam na mesma questão, a valorização das possibilidades humanas.


Como não gostar de um homem que acredita que o importante é a prática de se viver a vida eticamente? Que sem ser tolo ou inerte também não se deixa cair na beligerante neurose que temos visto entre tantos povos e facções do mundo moderno. E olha que ele bem teria motivos para uns atos de terrorismo de uma Ação Revolucionária Tibetana da vida.


Mas este não é o papinho dele, que prefere refletir sobre a raiva e o ódio e que está convencido de que estes dois sentimentos não são meios para solucionar problemas. Prefere falar sobre compaixão. Do you know it? Sobre ser feliz.


Fala de uma maneira tão óbvia que é impossível discordar. É tão óbvio que se torna um pouco irritante ver que é necessário o Sr. Tenzin sair de seu mosteiro e percorrer o mundo porque o óbvio, infelizmente, às vezes precisa ser dito. E ele diz e diz e diz. Tornou-se seu ofício e ele o realiza com grande prazer, percebe-se claramente.


Apesar de rir como criança e falar com a pureza só imaginável em uma criança, não é bobo. De jeito nenhum. Sem dizer uma palavra sequer sobre o assunto, conseguiu ser recebido por Fernando Henrique Cardoso depois de dias de negativas. E conseguiu isto não como uma deferência. Conseguiu como uma vitória política num mundo de lobos. Não, bobo ele também não é.


Esta sua falinha mansa que a uns conquista e a outros irrita, a muitos deixa uma sensação de ser politicamente incorreto não apoiar sua causa, por mais que sequer a entendam direito. Talvez até levados um pouco pela doce criança que foi segundo a versão Brad Pitt de sua vida, o filme Sete Anos no Tibet.


Dalai Lama, tirando os chineses, é quase uma unanimidade. É bem verdade que os chineses são muitos e desequilibram qualquer balança... mas foi por isto que FHC o recebeu, a despeito do temor de ver complicada a relação diplomática entre Brasil e China. O presidente deu um jeito de se encontrar fora do Palácio do Planalto com o líder tibetano. Ficaria chato para ele se não o fizesse. Comprovaria a tese de Luiz Fernando Veríssimo e teríamos todos a certeza de que este FHC é mesmo um clone daquele outro, o sociólogo.


Mas e o que isto tudo tem a ver com televisão? Há um link, sempre há. E calma, não vou falar da cobertura que as emissoras fizeram do evento, o que até poderia ser interessante. Vou contar um certo burburinho que circulou entre os 2500 participantes do seminário.


No Teatro Ópera do Arame, em Curitiba, havia pessoas de toda parte do país e até de outros países, próximos e distantes. Havia budistas, havia simpatizantes, estudantes, jornalistas, pesquisadores... havia de tudo. E havia artistas. Artistas famosos e outros nem tanto.


Sim. Estavam lá Christiane Torloni, Maitê Proença, Karina Barum, Ruth Escobar, Fernando Eiras, Gilberto Gil, Elba Ramalho, Baby (Consuelo) do Brasil, Rita Lee...


A imprensa, é óbvio, abriu espaço para eles e isto irritou profundamente uma boa parcela de "autênticos" budistas. Era comum ouvir comentários do tipo "ele só quer aparecer" e outros menos lisonjeiros. E eu lá, ouvindo tudo isto e pensando que todo mundo acha legal o Richard Gere ser budista... mas a Maitê? Aquela loira??? Quanto preconceito! Que sentimento pequeno e nada ligado aos ensinamentos do líder. Que paradoxo.


De repente me vi, a grande gozadora dos “televisíveis”, defendendo a galera. Será que só porque são famosos não podem ter admirações e crenças? E se as tiverem devem escondê-las? Aí entendi porque a missão de Dalai Lama sobre a terra é repetir, repetir e repetir as mesmas coisas. É ser óbvio. Nem seus seguidores entendem o que fala. Até os budistas têm muito o que aprender sobre compaixão.

Minha vida televisiva mudou. Agora sim o prazer e a emoção de assistir televisão é uma realidade.

Minha vida televisiva mudou. Agora sim o prazer e a emoção de assistir televisão é uma realidade. Recebi a revista da NET e uma das novidades do mês é a ampliação da cobertura esportiva pelo pay-per-view, que passa a incluir os principais campeonatos de golf do mundo.


Com isso, a partir de abril, não mais precisarei zapear tanto e passar pelo constrangimento de ver reunida em um só programa a dupla Ratazana & Afanásio dando lição de moral na minha orelha.


Ou então, na mesma noite e horário, ter que agüentar a apresentação de A Volta (Rooters - Dir. Robert M. Young), no CNT. Ver Sônia Braga dublada numa TV brasileira só não é mais patético do que imaginar-me assistindo o programa anunciado durante os comerciais.


Roberto Leal 500 anos. Atrações? Família Lima, Márcio Greyck e a sensacional entrevista com uma celebridade que eu sequer lembro.


Bom... terminado este desabafo entediado e tedioso, volto a falar em Mulher, o seriado. Não tenho qualquer intenção de tornar-me a inimiga nº 1 do seriado mas recebi uma mensagem do jornalista F. Kubrusly e me vejo obrigada a retomar o tema.


Ele menciona rapidamente as diferenças entre homens e mulheres do programa. Não são muitas e na verdade poderiam ser resumidas em uma só palavra: clichê.


As mulheres de Mulher, tirando Patrícia Pillar e sua colega de apartamento, são invariavelmente chorosas. As pacientes que chegam à clínica estão geralmente envolvidas com homens canalhas, mandões ou intransigentes, quando não reúnem todas estas características.


Adolfo (Cássio Gabus Mendes), o chefão da clínica, é um salafrário dinheirista. O marido da médica chefe (Carlos Zara e Eva Vilma) não consegue aceitar o envolvimento da esposa com a profissão. Os maridos (ou amantes, ou namorados) das pacientes raramente são companheiros, via de regra estão fugindo da raia quando o papo é gravidez ou entornando o caldo quando é doença grave. E por aí vai.


E o pior de tudo é que ganhou prêmios recentemente. Estava lá na TV a cara alegre de Daniel Filho com o troféu na mão. Este é um típico caso a justificar a dito... terra de cego...


Mas tudo bem. O pior está por vir. Já pensaram o que será o domingão? Uma tarde inteira com Faustão, as mil e uma atrações do Fantástico, Sai de Baixo e... Muvuca.


Esta é pra rezar que a segunda-feira chegue logo.

Ele voltou, e desta vez sem boina na cabeça. Marcos Palmeira, só pra me contradizer, encarna um personagem urbano em “Andando nas Nuvens”

Ele voltou, e desta vez sem boina na cabeça. Marcos Palmeira, só pra me contradizer, encarna um personagem urbano em “Andando nas Nuvens”, nova novela da Globo, com os cabelos em selvagem desalinho. Lembram que eu dizia que a versatilidade do ator se resumia ao penteado? Personagens urbanos... cabelo engomadinho. Personagens rurais... cabelinhos in natura. D. Gertrudes Managuá, minha fiel leitora de Foz do Iguaçu, pouco liga pra estas coisas. Vidrada no moço, viajou até o Rio de Janeiro para vê-lo no Sambódromo, sacudindo a maravilhosa bunda que Deus lhe deu.


“Andando nas Nuvens”, pasmem, me agradou. É claro que primeira quinzena de novela costuma ser legal, mas há algo de interessante nesta. A começar que é uma comédia, o que já é um ganho depois daquele drama "ai roubaram minhas crianças no berçário e o que é que eu faço agora contra a bruxa da Marília Pera"?


E depois... finalmente deram uma caprichadinha no elenco. Marco Nanini, Débora Bloch, Suzana Vieira e Marcos Palmeira seguram melhor uma trama. Bem melhor que Murilo Benício. Mesmo com Cláudio Marzo, Felipe Camargo e Márcio Garcia... ainda assim dá pra encarar.


Dizem as resenhas sobre a novela que ela é inspirada nas velhas comédias românticas estilo Rock Hudson/Doris Day. É verdade. Palmeira e Débora Bloch se conhecem em situações tipo “esbarrão”, criam antipatia mútua à primeira vista e, é lógico, se apaixonarão. Igualzinho às velhas sessões da tarde, sem Billy Wilder, lastimavelmente. Com todo respeito ao tal Núcleo Dênis Carvalho.


Mulher


Voltou, em edição empobrecida, “Mulher”, seriado UTI também da Globo. Há um ano, a atriz Carla Daniel escreveu para esta coluna reclamando, entre outras coisas, que eu não reconhecia o valor de se fazer um seriado em película na TV brasileira. Pois até que eu reconhecia ao menos isto... Mas e agora que nem isto mais o seriado tem a seu favor?


Continua a mesma chatice, a mesma sucessão de casos perdidos-soluções emocionantes de sempre e culpa. Muita culpa. A Dr. “Eva Wilma” sente-se culpada porque o filho morreu e ela acredita não ter sido uma mãe suficientemente dedicada já que passou a vida entre o ambulatório e o tratamento intensivo. E  quem precisa da culpa alheia? Ainda mais tão absurda.


Depois reclamam quando eu digo que “Mulher” é uma espécie de “Você Decide” sem a opção do voto...

Programa reba encontra a solução para o desemprego no país.

Encontrada a solução para o desemprego no país. Os desempregados viram bandidos e em assaltos à mão armada matam trabalhadores. Desta forma, abrem-se vagas no mercado de trabalho. Não é genial?


Esta beleza de raciocínio foi perpetrado por uma entrevistada do programa Canal Livre, que a Band de Curitiba leva ao ar diariamente ao meio dia. Um destes programecos porta-de-cadeia que proliferam por aí e cujo nome em nada honra o velho sucesso de Roberto D'Avilla.


Fico em dúvida se não existe qualquer programa que preste na televisão ou se só atraio baixaria. Juro que tento sintonizar em algo decente, inteligente ou simplesmente passável, mas não consigo. Outra noite ouço uma chamada para o “Jornal da Globo” que me fez tremer na cadeira: "população de São Paulo se protege de assaltos com automóveis blindados". Como assim? Quantos paulistas têm automóveis? Destes, quantos podem pagar R$ 80 mil por uma blindagem? Quem escreveu isto? Sabotagem do contínuo contra o editor?


É por isso que ninguém mais consegue discernir entre ficção e realidade... com frases absurdas como estas saindo dos telejornais. Deste jeito não dá para culpar meu vizinho por estar pensando seriamente em encabeçar movimento contra Valdomiro, personagem over-interpretado por José Wilker em Suave Veneno.


Meu vizinho é presidente da Animar - Associação Nacional das Indústrias de Marmoraria. Ele diz que em seu setor não existe alguém tão imbecil quanto Valdomiro e que o personagem estaria denegrindo a imagem do segmento.


Não concordo muito com meu vizinho (que se recusou a dar um desconto para a troca do piso no condomínio), pois acho que imbecil tem em tudo que é lugar. E depois... achar o personagem cretino só porque ficou anos e anos casado-separado, levou uma desconhecida "desmemoriada" para casa e se apaixonou por ela, produziu ao menos duas anti-filhas, entregou seu império de bandeja para viver em paz o grande amor e deixou roubarem o que restou de sua fortuna pessoal (toda transformada em pedras preciosas que carregava numa maleta)?


Como assim "imbecil"? P. injustiça.


Imbecil sou eu, que na coluna passada repeti algumas vezes a expressão DJ (disc-jockey) quando na verdade deveria ter grafado VJ, já que me referia aos apresentadores da “MTV”. E atenção: eu mesma percebi o erro, não recebi uma mensagem sequer sobre o assunto. Isto significa que terei que apelar para a grosseria em meus próximos escritos para garantir maior índice de leitura.

Pessoal anda escrachando os torno dos novos rumos da MTV?

Êba, design novo no Baguete!! Estamos avançando, muit bem. Página nova, vida nova. Vocês viram a polêmica em torno dos novos rumos da MTV? Pessoal anda escrachando. Tem gente que passou mal com a inclusão de pagodes, Rei e na programação da rede.


Pessoalmente não vejo motivo para tanto espanto. mesmo a DJ Soninha anunciou Phill Collins cantando “True Colors” e porcaria porcaria... que diferença existe entre Só Pra Contrariar e o velho Phill?


Percebo que, antes de serem consideradas ruins, as  mudanças ainda não se consolidaram. Soninha está neste momento entrevistando Ney Matogrosso e ambos parecem absolutamente fora de habitat. Ele aparece do alto da sua  maturidade e equilíbrio. A moça demonstra um pouco de aflição ao querer impor um espírito festivo na conversa.


Não deu certo e quando a entrevista terminou ficou um  vazio no ar. Imaginem que ela perguntou a Ney se ele vê alguma semelhança entre sua  performance e a de Manson. É evidente que o cantor nem se dignou a responder com algo além do “nada a ver”. Pior que isto só agüentar o Casé. Muito chato.


O que é aquele “VJ por um Dia”? Sob a capa de  modernidade e deboche pra cima dos programas de auditório só conseguiram fazer mais um              péssimo programa de auditório. Casé anda como Sílvio Santos, senta no sofazinho como Sílvio Santos, “pressiona” os candidatos como em “Tudo por dinheiro” Só que Sílvio Santos é melhor.


Contudo confesso não ser a pessoa mais indicada para  avaliar profundamente as mudanças ocorridas na MTV e por isso busquei apoio de quem realmente pode palpitar. Pedi auxílio a uns cyber-amiguinhos e recebi respostas muito  interessantes. O André Pase, de Porto Alegre, conseguiu a proeza de me fazer abandonar a insuportável tendência a ser do contra para me obrigar a concordar integralmente com tudo o que escreveu.


Não é preguiça minha (confesso que um pouquinho é) mas sou obrigada a reproduzir o que ele pensa sobre as mudanças na MTV. A ver:


“Oi Márcia,


seguinte... para mim só decai. A MTV tá muito mal das  pernas mesmo, e teve de apelar para um reborn como medida desesperada na busca de salvação. Um aspecto bom é que ela ficou mais nacional, com menos porcaria gringa, mas eles continuam forçando a barra com alguns clips que você nunca viu mais gordo (nada contra, mas sempre tem um americano, rapper ou pop, desconhecido por lá).


Mas nem tudo é tão ruim. Pelo menos ficou o “Quis” (ADRIANEEEEE !!) e “o Pé na Cozinha”... mas as outras poucas coisas que me interessam, “SouthPark”, “Fúria” e “Beavis & Butt-Head” continuam na mesma “sombra” de sempre. O “Fúria” é um programa que vive sendo deslocado de quarta para domingo sem aviso.


E também não explicam porque o Gastão -boy -mas-namorado -sortudo -da -Sabrina saiu. A solução para o programa é tri barbada... coloca um VJ que não escorregue no roteiro e na programação, como o Gastão fazia, e joga o programa para a madrugada de quarta para quinta, da 1 da manhã até as 3 da matina. Se é pra ficar de escanteio, que fique bem.


Do cenário novo, saído dum filme B de Sci-Fi, só se salva o “iMac” tangerina (não tinha cor melhor?)”.


Valeu André.


E pra fechar a rosca comento algo bem lembrado pela Daniela Fetzner. Em outras palavras ela diz que estas mudanças fazem com que a MTV brasileira ganhe personalidade internacional junto a suas co-irmãs... mas a tornam igualzinha a todas demais do país com seus pagodes, Bob Charles, auditórios...

Para não perder o hábito, e certa de meu compromisso semanal com o Baguete, ligo a TV em meu tradicional zaping, desta vez em Buenos Aires.

Contrariando minha apresentação ao final da coluna, felizmente, nem só de expedições pelo Brasil rural vivo eu. Vez por outra tenho a chance ganhar outros rumos e esta é uma delas. Estou em Buenos Aires, magnificamente instalada no Hotel Hyatt após chegar de um belo jantar na Recoleta. Para não perder o hábito, e certa de meu compromisso semanal com o Baguete, ligo a TV em meu tradicional zaping.


Entre Anas Marias Bragas que pululam pelos canais da CableVision, encontro algo que me faz mais uma vez ver o quanto a malfadada globalização nos obriga a suportar o que há de pior no mundo. Incrível como conseguimos homogeneidade na ruindade, no baixo. Não bastasse uma humanidade seguindo inteira o mesmo padrão... o padrão eleito é da pior espécie.


Giro pelos 65 canais da CableVision e só encontro baixaria. Uma das maiores é a versão “La Proxima Victima”. Novelón brasileño.


Morro de rir ao ver Natália do Valle, Toni Ramos, Suzana Vieira e demais em dublagens que deixariam a singela professora Helena roxa de inveja (lembram Carrossel?). A impressão que tenho é a de que apenas uma dubladora faz todo trabalho. Não consigo perceber qualquer diferença entre as vozes. De quebra temos Rita Lee em espanhol na abertura.


Agora entendo porque os argentinos nos mandam tanta porcaria. Vingança.Desisto rapidinho desta opção e engato meu zapeador automático.


Chego ao bloco dos canais musicais, quatro seguidos, incluindo MTV, obviamente. Divertidíssimo o programa que passam no momento, “Much”. Um bando de teenagers num estúdio que tenta dar a impressão de animada pista de dança. 15 minutos de péssimo techno e corpos roboticamente dançantes. Até torneio de golf consegue ser mais animado.


E isto nem é tão grave considerando-se que anunciam um show dos “Autenticos Decadentes”, banda sei lá de onde, composta por um bando de velhotes cabeludos  e suas gracinhas que fazem juz ao nome do grupo.


É verdade que nada vi equivalente ao ignóbil roedor mas isto deve ser uma distração minha pois o conceito do personagem não é criação brasileira. Felizmente este ônus não carregamos.


Este negócio de programação é intrigante. Muitas vezes a TV até transmite algumas coisas legais... mas nisso também a uniformidade toma conta e se repete na Argentina um fenômeno. Como em muitos lugares, o melhor é condenado a horários que só são visto pelos insones. Parece que num estranho jogo de compensações, os programadores reservam apenas para os que não conseguem dormir o melhor. Vejo agora, 2h45min, um especial com Pablo Milanez. Não sou tiete do cubano mas devo reconhecer que é um nome que se destaca da mesmice.


Mas até nisso tudo é muito igual.

Tirando meu protesto contra a derrota da Mocidade, nenhuma palavra a mais sobre carnaval.

Há um ano eu estreava esta coluna semanal no Baguete com um texto sobre a transmissão do carnaval carioca, entre outros assuntos. Pois tranqüilizo a todos... tirando meu protesto contra a derrota da Mocidade, nenhuma palavra a mais sobre carnaval.


E como só agora começa meu novo ano, decidi seguir uma tradição ao contrário. Geralmente as pessoas iniciam anos cheias de promessas. Parar de fumar, emagrecer... estas coisas. Eu não! Vou começar o ano quebrando uma promessa.


No ano passado, após o final de Torre de Babel, prometi que não escreveria mais uma linha qualquer sobre telenovelas. Qual nada!!! Eis que vejo um ou dois capítulos de Suave Veneno e já me encanto. Prato cheio.


A trama é de um ineditismo único. Mocinha (Glória Pires) é socorrida pelo responsável por sua amnésia (José Wilker). Desmemoriada mas viva, envolve-se com o tal. Só que a amnésia se vai e a moça não revela o fato. Ao contrário, em telefonemas suspeitos a uma amiga (Patrícia França) cria a suspeita de que tudo não passa de uma trama muito da ardilosa.


Em contrapartida o galã-Wilker enfrenta toda sorte de problemas com a família para ficar livre e assim poder casar com a desmemorex. Casado com a generosa Irene Ravache decide pedir separação judicial e é claro que enfrenta a oposição de um bando de filhas malas e genros aproveitadores. Mais claro ainda que estes interferem na vida dos pais/sogros o tempo todo, principalmente a ultra-xarope Letícia Spindler, que vem sendo apontada como uma Isabela Rosselini dos trópicos, o que considero verdadeiro sacrilégio.


A interpretação de Wilker está soberba. Ainda não descobri de onde ele sugere ser o sotaque adotado por seu personagem, o que pouco importa. Assim como a Academia adora premiar com o Oscar atores que interpretam deficientes mentais ou físicos, as entidades brasileiras são chegadas num sotaque, a despeito da correção ou não.


E tem ainda Diogo Vilela fazendo uma espécie de místico. Mezzo-gay, mezzo-espírito elevado. De qualquer forma outro chato.


O fundamental é que as novelas não desistem deste velho chavão “homem rico com mulher pobre”, ou vice-versa. Depois a mesma televisão fica noticiando que ultrapassamos a luta capital X trabalho. Tsk, tsk, tsk.


O segundo melhor negócio que fiz em frente da televisão na última semana foi aprender a operar o controle remoto do Direct Tv (???). Aquilo não é controle remoto... é um painel de comandos. É mais difícil decorar as cinco mil e trezentas opções de comandos do negócio que o número de canais que a programadora oferece. Tem que ter brevê pra pilotar aquilo. Senti-me profundamente humilhada com minha Net e seu singelo controlinho.

Myke Tyson, seja por qual motivo, tem enorme capacidade de se meter em encrencas.

Sou uma privilegiada nestas grandes cidades brasileiras porque ao menos tenho tempo suficiente para almoçar em minha própria casa todos os dias. Não que o faça sempre e sequer tão seguidamente quanto gostaria, o que me obriga muitas vezes a uma comida detestável, outras tantas a uma televisão de quinta categoria. E há até algumas que conseguem reunir as duas “qualidades.


Definitivamente não precisamos dos tais “quilinhos” e menos ainda de “quilinhos” sintonizados mas outro dia eu caí num desses. Uma daquelas situações típicas de “After Hours”. Estava lá e atrás de mim duas moças que Deus lá sabe o que fazem na vida comentavam a nova prisão de Tyson e o que haviam visto sobre ele nos últimos tempos. Os noticiários pré e pós luta, a luta e a prisão.      


Impressionante como o mundo virou mesmo um show. Myke Tyson, seja por qual motivo, tem enorme capacidade de se meter em encrencas, volta e meia está envolvido com a justiça. E como as encrencas não são pequenas - e como se trata de Myke Tyson - tudo complica. A partir daí ele precisa de um bom advogado que, claro, para atender o tamanho da encrenca e sabendo o quanto Myke Tyson pode pagar, cobra os olhos da cara gorda e inchada do não mais em forma boxeador. Então Tyson, para reforçar a combalida conta, aceita novamente subir ao ringue sob o disfarce de grande retorno. Além de ganhar o que provavelmente estaria precisando ainda teria a chance de mostrar que trabalha, que não é um vadio qualquer. Isto pesa ante a corte.


E o mundo assiste a luta de Tyson contra um sujeito que ninguém conhecia até aquele dia ou noite. Ou tarde, já que a luta teve transmissão para todos os fusos horários do mundo. Vivam os patrocinadores, viva Tyson, viva Don King, viva o Jack Nicholson sentado na platéia, viva o Hino Nacional. Vivam o vermelho, o azul e o branco. A águia. Aí está este exemplo de cidadão.


Enquanto isso a CNN anuncia: “Un duro golpe en la carrera de Myke Tyson”. Quá, quá quá. Duro golpe levaram suas vítimas, dentro e fora do ringue. Ele, prática e objetivamente, era um sentenciado que violou a condicional. Está exatamente onde qualquer Código Penal respeitável o colocaria. Ele só não merecia estar na mídia.


Já que estamos no carnaval... uma notícia fantástica. Se alguém dúvida qual é o verdadeiro túmulo do samba... acabou a discussão. Curitiba. Acabo de ouvir na CBN que por questões de proteção ambiental foi proibido o pagode nos bares do Parque Barigüi, o maior da cidade. Uma amiga apoiou parcialmente a idéia. Ela acha que o pagode deveria ser  proibido e ponto.

Socorro!!! The Big Brother existe realmente.

Recebo um email com a localização das novas câmaras que o Detran/PR instalou pelas ruas de Curitiba para fiscalizar motoristas infratores. São muitas espalhadas pela cidade.


Ligo a TV no Jornal Nacional e lá noticiam que a Globo distribuiu por São Paulo 50 câmaras com a intenção de flagrar situações diversas do cotidiano.


Satélites são capazes de monitorar o universo e a telefonia digital denuncia o número do telefone antes mesmo do procurado atender. A nova geração Pentium vem com um número de série que pode ser capturado pela Internet.


Socorro!!! The Big Brother existe realmente.


Ainda bem que meu negócio aqui no Baguete é escrever sobre televisão e assim não preciso ficar pensando nestas coisas. Este negócio de realidade é um porre e é por isso que eu quase consegui assistir o Especial Hebe Camargo.


Que festa, hein?! Uma beleza. Imagine Hebe cantando em duo com Agnaldo Rayol? Imperdível. E o modelito branco e justo da cantora-apresentadora? Brincadeiras de lado... considerações sobre o bom gosto do programa à parte... Tia Hebe é poderosa. Estava (quase) todo mundo lá. Do esquecido Sílvio César a Daniel. De Raí a Rita Lee (êta rima probre), Mário Lago, Zizi Possi. Tinha gente de todos os tipos.


É evidente que o mundo não precisava daquele espetáculo mas quem pode... pode.


E falando em poder... quanto hoje custaria fazer o filme que assisti sábado de manhã no Canal Brasil? Acordei e preguiçosamente liguei a TV para ver nada. Só para ter um motivo a mais que favorecesse o prolongamento da vadiagem. Metódica que sou, invariavelmente começo meu tour pelo canal mais alto e venho baixando. Passo então CNN, Warner e pimba... passava "A Madona do Cedro", filme de baseado no livro de Antônio Callado. O que mais me chamou a atenção foi o elenco, que reúne um time que, imagino, inviabilizaria sua produção hoje.


Não vai aqui nenhuma pitada de humor negro, já que boa parte do elenco nem vive mais, refiro-me à qualidade e ao custo de pegar um time daqueles e colocar em uma só produção hoje. Atores do cacife de Ziembinski, Sérgio Cardoso, Othon Bastos, Leonardo Villar, Leila Diniz e outros de igual envergadura. Quando foi filmado este era o primeiro escalão de atores brasileiros.


Aproveito então que estamos no assunto escalação de atores e comento nota lida em vários jornais sobre o interesse da Record em "comprar o passe" de Bruna Lombardi e seu "Gente de Expressão". Parece que ela estaria discutindo seriamente a possibilidade desde que a emissora manifestou a intenção de usar não apenas seu talento de entrevistadora mas também de escritora. Dizem as notas que ela teria apresentado a sinopse para uma minissérie e que esta estaria animando os pastores.


Deverá dar excelente resultado a soma do talento de Bruna com a capacidade produtiva da Record.


Finalizando...chega ao fim o mistério sobre onde andará Djenane Machado, questão levantada nesta coluna há cerca de um mês e apoiada pelo Ney Gastal. Um leitor mandou-me o telefone para contatos com a atriz e imediatamente liguei. Falei com sua prima e procuradora, Maria Teresa, que explicou-me tudo.


Djenane Machado está com 51 e vive no Rio de Janeiro completamente afastada das atividades artísticas por motivos de saúde. Felizmente não passa por dificuldades financeiras, como seria possível nestas condições, graças a herança recebida de seus familiares. Djenane, para quem não sabe, descende de uma linhagem, digamos, "quatrocentona", que inclui Chiquinha Gonzaga (bisavó de sua mãe). É filha de Carlos Machado, o rei do Teatro de Revista.

Central do Brasil ganha o Globo de Ouro

“Central do Brasil marcou um importante ponto na corrida pelo Oscar 99: o filme brasileiro ganhou, na madrugada desta segunda-feira ( 1h45m, hora de Braslia), o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, derrotando produções como a dinamarquesa "Festa de famlia" e a holandesa "The polish bride". O prêmio, entregue pela Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood, o segundo mais importante da indústria cinematográfica americana, considerado uma prévia do Oscar. (Hugo Sukman/OGlobo) Fonte(s): O Globo"


E agora uma pergunta: Quantas vezes você ouviu ou leu a frase "o prêmio, entregue pela Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood, o segundo mais importante da indústria cinematográfica americana, considerado uma prévia do Oscar"? Por mais verdadeira que seja a frase, e parece que o é - a não ser que seja um belo exemplo da máxima que afirma que uma mentira repetida mil vezes se torna verdade -, a falta de imaginação para dizer ou escrever isto é gritante. Ouvi esta mesma construção em pelo menos 3 telejornais, dois programas de canais por assinatura e li em muitos, muitos jornais. Isto faz lembrar algo em Fernanda Montenegro que sempre me chamou a atenção... o jeito que ela diz "ai meu Deus". Infelizmente, não sei usar os recursos de cyber-audio que o colega Alex Saba muito bem utiliza em sua coluna. Se soubesse, poderia demonstrar ou simular a entonação que a atriz "imprime" nesta expressão.


Um "ai meu Deus" suplicante, mas um pouco abafado. Diferente de todos os outros que andam por aí. O "ai meu Deus" é da Fernanda Montenegro.


E por que a repetição do texto sobre o Globe Awards me remeteria a Fernanda Montenegro? É que tenho uma dívida terrível: será que todos personagens falam "ai meu Deus" e nunca percebi ou a interjeição na boca de Fernanda Montenegro ganha destaque? Ou será um vício da atriz transportado a suas interpretações?


Ai meu Deus digo eu ao imaginar as mensagens que chegarão de leitores me acusando de não ser digna de, supostamente, apontar uma fraqueza de Fernanda Montenegro. A grande Diva. A 1ª Dama do teatro brasileiro. Nossa jóia mais preciosa.


Calma! Se um vício... um vício da Dona Fernand(oida)ona. Não se compara ao ligeiro tremular de cabeça do Francisco Cuoco, totalmente desprovido de classe. Muito menos ao jeito que Tarcísio Meira invariavelmente simboliza preocupação, levando os dedos polegar e indicador imediatamente superior ao nariz, entre as sobrancelhas. Não. Se é um vício, um vício vivido com estilo, reconheçamos.


Esta Fernanda Montenegro é terrível. Suas atuações soam tão naturais que, quando ela fala por ela mesma, em entrevistas ou depoimentos, não fica muito diferente de quando a vemos nos palcos ou na telinha, o que pode levar os incautos a acharem que ela está sempre representando. Como a pausa entre o "My English is not very good... my soul is better (longa pausa)... you choose", que ela disse ao agradecer o Globo de Ouro de Central do Brasil.


A pausa pareceu uma marcação.


Posso até estar fazendo conjecturas estapafúrdias. Mas senão... quem há de criticá-la por seu talento em transitar entre palcos e "falas" com similar empostação? Depois de longa vida nesta vida...


A primeira vez que escrevi em um jornal tinha 16 anos e hoje estou com quase 37. Seguramente, a mesma Márcia que conversa é a que questiona em entrevistas. Já ouvi algumas vezes pedidos para que deixasse na redação a jornalista, coisa que sempre me pareceu impossível.


Por isso, não pediria a Fernanda Montenegro que, fora do palco, deixasse de ser atriz. Não adiantaria.