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O ataque das sanguessugas

A ciência é capaz de traçar o dna de cada uma das nossas células mas continua espetando agulhas em nosso braço para saber se temos qualquer coisinha.

Imagine que você tenha que acordar cedo e, em jejum, se dirigir ao
laboratório de análises clínicas para que as sanguessugas hematófagas
de lá retirem quantidade mais que suficiente para 21 distintos exames
de sangue. Releve o fato de estar um frio de lascar e caindo aquela
chuvinha  fina que, você sabe, irá durar ao menos uma semana.
Deixe pra lá também o eterno ruído da bomba de combustível do seu carro
que a oficina já desistiu de tentar arrumar.



A despeito de tudo isso fui até o laboratório e, não sem antes avisar
que pessoas normais têm medo e que meu caso é de pânico, estiquei meu
bracinho para que começasse a sessão de vampirismo. É óbvio que pessoas
como eu não têm aquelas veias que saltam dos braços brilhosos de suor
de um Silvester Stalone. Na na na na na.... espertinhas, elas se
escondem rapidinho ao mais leve toque daquela borrachinha com a qual
"enforcam" nosso braço.



"Vamos colocar um estencil", diz a aprendiz de Drácula. Na primeira
seringada eu até consigo relaxar e faço algumas piadas com as moças que
me atendem. Do meio da segunda em diante as coisas mudam e sinto que
meu sangue foge do rosto e digo apenas que estou ficando branca. A
auxiliar de Nosferatu concorda com um "está mesmo" que em nada me
tranquiliza. Quando vejo estou sentada com as pernas por sobre a mesa e
as duas me olhando com olhar preocupado.



Acabou. Resta eu tomar um café, comer um biscoitinho e ir embora com o
mesmo frio, a mesma chuva e o mesmo ruído da bomba no carro. E vou.