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Amigos, um programa “xuxu”

Ele está na mesa... a gente até come... mas ninguém diz: Ôba! Hoje temos xuxu.

Pela primeira vez assisti todo programa Amigos, que a Rede Globo leva ao ar imediatamente antes do Domingão do Faustão, e tenho duas análise e muitos comentários a fazer. A duplicidade de análise se deve ao fato de que não sou dona da verdade e menos ainda sei o que passa na cabeça dos idealizadores do programa... só faço conjecturas.


Meu espírito magnânimo diz que se trata de uma honesta produção que abre as "porteiras sertanejas" a tudo que é feito no país. Do mesmo jeito que faz Mariza Monte, e tantos outros (as) cantores (as), se abre ao ecletismo musical apresentando desde canções do mais autêntico cancioneiro popular até popinhos FM, passando por compositores respeitáveis como Sivuca.


Meu espírito malévolo vê a coisa de modo diferente... os "breganejos" estariam tentando dar um pouco de legitimidade cultural e de modernidade à causa, emprestando a juventude de J.Quest e a aceitação unânime de Milton Nascimento, por exemplo, para ampliar o público.


A meu ver não conseguem atingir qualquer dos objetivos. Ao sentarem à mesa com J.Quest é visível a falta de intimidade dos Amigos com o grupo mineiro, que está ali como quem se oferece para cantar no aniversário do Luciano Huck. Quer dizer... tanto faz o lugar, eles querem mídia.


Com relação a Milton Nascimento... nem se fala. Este é outro que decidiu trabalhar o novo CD (que inclui participação de Zezé de Camargo) em qualquer arena e não se pode culpá-lo pois a vida está difícil para todos.


E já que citei Milton Nascimento... O Brasil tem uns pactos que eu não consigo entender. Não sei se porque consideram que ele já fez muito e que não precisa provar mais nada... ou se por alguma espécie de caridade com quem viu a morte de perto... mas me expliquem porque até agora eu não li qualquer artigo que mencione esta incontestável realidade: Milton Nascimento está semitonando... ou desafinando mesmo.


Vi Milton no Jô, no Faustão, em Amigos... e ele desafinou em todos. Será que é porque tornou-se inatingível? Mas quando Chico Buarque de Hollanda lançou Cidades a crítica caiu de pau. Até onde sei... serviços prestados por serviços prestados... sou mais a carteira de trabalho de Chico. Mas voltemos a Amigos...


O melhor do programa foi Luciano cantando enquanto Zezé de Camargo tocava sanfona. Deveriam trocar as bolas e deixar que as segundas-vozes se tornassem primeiras nestas duplas pois assim estaríamos livres daqueles sons estridentes. Seria bem mais suportável. No caso da dupla citada... Zezé ficaria bem melhor tocando, já que se revelou bom músico, e compondo aquelas melosidades. Vez por outra faria um "backing" para o irmão.


No mais... puro vazio. Esquetes bobos e um roteiro mal costurado, onde qualquer preocupação com linearidade inexiste. Parece que o único compromisso está em preencher seu tempo de duração. Quando fecha a pauta, fim.


E assim termina. Sem conclusão, sem emoção e sem gosto. Igual xuxu. Está na mesa... a gente até come... mas ninguém diz: Ôba! Hoje temos xuxu.