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Laços de Família: uma novela familiar

Laços de Família chega ao final sem ter aproveitado as oportunidades que teve de montar um barraco geral.

Laços de Família chega ao final sem ter apresentado um roteiro que levasse o público ao suspense, ingrediente fundamental do gênero. As poucas oportunidades que teve de montar um barraco geral... não o fez.


Talvez porque Manoel Carlos não tenha tido feeling ou apoio para ir fundo no duelo Helena x Camila, preferindo cair no melodrama fácil da mãe abnegada que abre mão do amor pela felicidade da pimpolha.


Até a doença de Camila poderia ser inserida no contexto de uma possível guerra familiar, bastando para isso lançar mão da crença popular que supõe a existência de um castigo terreno aos maus... a lenda do “aqui se faz, aqui se paga”.


Não... Manoel Carlos preferiu mandar Helena a um SPA para recuperar-se do baque. E, em sua volta, jogou-a nos braços assexuados de Miguel, o livreiro. Ora bolas... juntar Vera Fischer e Tony Ramos é como colocar na cama Angeline Jolie e Danny de Vitto... Madonna e Padre Marcelo...


Tony é um excelente ator mas falta-lhe um ar mais carnal para contracenar em clima de paixão com Vera Fischer. Difícil de assistir... pior ainda torcer pelo casal.


Aliás... este foi o problema básico de Laços de Família. Apesar de toda sua trama ter por base aspectos da sexualidade humana, razão para ter sofrido problema judicial extra-estúdio, não conseguiu levar a termo o que propunha. Falou-se muito em sexo na novela, mas faltou sexualidade.


Para exemplificar, além do caso Helena/Miguel, temos o protagonista mais sem graça da história da telenovela brasileira. Até Francisco Cuoco é melhor. Gianecchini é lindo, não há dúvida, mas é insosso como raros. Junto a Camila/Carolina Dieckerman fez uma dupla de apagar qualquer incêndio. Aliás... Carolina só está bem no papel de doente por que a gente sempre imagina um doente desanimado... como a moça.


A dupla Alma e Danilo foi outra dureza. Excelentes atores, ambos, Alma comprava o quê? A companhia do bonitão? Sua inteligência? Pelo que a novela mostrou deve ser uma destas coisas. Outra oportunidade perdida de traçar um paralelo entre Capitu e Danilo, que no fundo são os mesmos personagens em distintas situações. Ela uma piranha vendida a um vilão... ele um gigolô de madame.


Sexo também faltou na relação de Viriato e a amiga de Helena que eu nem lembro o nome. Zé Victor Castiel é cria do teatro gaúcho. Cresceu... engordou... ficou com cara e voz de bebê chorão e não convenceu dentro do naturalismo que a TV exige.


Fred, o namoradinho de Capitu, nem merece comentário. Deve mesmo ficar melhor ao lado de Xuxa nos cinemas.


O único que demonstrava apetite sexual era o grosseirão Pedro. Mas seu personagem parece ter sido escrito apenas para fecundar Helena duas vezes. Dizem que animais e proprietários se parecem... pois tornaram Pedro um reles garanhão.


Laços de Família não cumpriu o prometido. Falou, falou, falou... e chega ao final com um seguro e velho papai-e-mamãe.


É a síndrome do bonzinho. Mais uma vez.