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De auto-elogios a desmandos

Quando uma atração da emissora se transforma em fonte permanente de pauta para o jornalismo da mesma emissora... as coisas vão mal.

Quando uma atração da emissora se transforma em fonte permanente de pauta para o jornalismo da mesma emissora... as coisas vão mal. Há alguma inversão de valores aí.

Pois é exatamente isto o que acontece com No Limite, programa criado para ver até onde chega a paciência do telespectador brasileiro. No Limite está no Fantástico, no pós-Fantástico, no Jornal Hoje, no Vídeo Show, no Jornal Nacional... Jornal da Globo... ufa!!!

Ok! No último domingo, na grande São Paulo, as "aventuras" propostas pelo programa conquistaram 43 pontos no Ibope. Isto, vezes 80 mil telespectadores, dá 1 milhão 860 mil pessoas assistindo. Ta, e eu com isso?

Tanto "carnaval" em torno do programa faz lembrar aquela mãe que, em dia de festa, diz: "fulaninha, toca piano pras visitas". Nojento!

Mas a gente deveria imaginar o que viria pela frente, já que o programa que "inspirou" No Limite tem o dedinho de Bob Geldolf. Lembram dele? Aquele que teve a idéia de reunir um bando de malas para cantar "We are the World", música mais mala ainda (mesmo que a causa tivesse lá suas qualidades). Pois é... a idéia surgiu da produtora dele.

Este negócio da Globo ficar dizendo "ai como sou lindinha" não é novidade. Sempre foi assim.

Dá para perceber também na campanha de lançamento de Ana Paula Padrão como âncora do Jornal da Globo. Em uma mesma edição do Jornal Nacional eles tiveram a capacidade de fazer matérias sobre No Limite e Jornal da Globo.

Falando nisso, a estréia da moça foi bacana. Descontado o nervosismo inicial, com direito a alguns pequenos tropeços, salvou-se. O pessoal pôs a galera a trabalhar. Num só bloco entraram boletins de Milhomem, Trali e Monforte, mais o comentário de Jabur. Dinâmico foi.

Mas, é claro, houve probleminhas e problemões.

Faltou a Ana Paula um pouco de consistência em seus comentários. Este negócio de "âncora" é complicado pois o cara sentado ali na bancada tem que tecer comentários e, nem sempre, estes comentários são felizes ou acrescentam qualquer coisa à notícia. Mas ela aprende. Burra não é.

Problema maior foi a matéria de Caco Barcellos em Miami. Não que tivesse sido mal feita, ao contrário. Mas não gostei.

Imagine o leitor encrencado com a justiça. Vem a Globo na sua casa (na sua ausência, já que você está foragido) e convence seu síndico a entregar-lhe a chave do apartamento. Entram lá repórter e cinegrafista e registram tudo. Sua adega... suas anotações... suas cuecas...

Ora... não importa se este apartamento é do Lalau... é uma puta invasão de privacidade. E arbitrária. Se a Justiça estiver interessada no que existe dentro do apartamento de Lalau... que através de seus mecanismos adentre o imóvel.

Vivemos tempos de inversão total. Primeiro ruiu o executivo, com Collor e sucessores; depois foi a vez do legislativo, com anões & cia; finalmente veio abaixo a Justiça, com Lalau e sua "turba". Arvorou-se a imprensa então de arauto da dignidade.

Mas está extrapolando. Há muito tempo está extrapolando.

E aí o problema é mais complicado... quem vai denunciar a imprensa? Vai sair na capa de Veja?

Hahaha... só se for desmando de um concorrente.