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Em São Paulo para o Popload Festival. Várias bandas mas vim mesmo para ver Blondie. Debbie Harry mesmo.

Não sei se vi alguém mais velho que eu por lá. Uma moça até perguntou se eu teria ido pra levar minha filha. Comento pois uma das expressões que mais ouvi foi "tá difícil". Nas filas (nada grandes), nos banheiros... por tudo.

Dava vontade de dizer que difícil é ficar em casa vendo TV. Ou que difícil é lidar com artrose, aquilo ali é prazer. Geraçãozinha mimadinha da peste.

Logo após a vitória do coiso na eleição começou o processo de responsabilização. Ciristas e petistas se acusando mutuamente. Eu, sem ilusões puristas, curta e grossa as always, digo:

  1. Partidos políticos têm por finalidade chegar ao poder. Seja para sinceramente implementarem os planos de governo que julgam os melhores para aqueles que representam ou para se locupletarem. Desta forma acho lícito o PT ter insistido em candidatura própria, sobretudo para marcar sobrevida neste momento de agonia.
  2. Ciro tem projeto político pessoal e por genuína discordância programática ou para dissociar-se totalmente do movimento majoritário - o anti-petismo, decidiu por um voo solo. Ao menos por ora. Possivelmente se coloca em posição de oferecer asas que abriguem os minions que inevitavelmente se frustrarão em 3, 2, 1... Nenhum crime ai.
  3. Nos poupemos de afirmar, sobre estas duas forças, que “nunca mais”, “está morto” etc. Os cenários mudam e as escolhas eleitorais, sabemos, obedecem mais a critérios de exclusão que de convicção. O velho “política é a arte do possível”.

A chave de tudo são os ausentes. Quem são? Onde vivem? O que pensam? Pensam? Daqui a quatro anos, se houver eleição, vencerá quem ganhar os desiludidos da direita, a parcela dos hoje ausentes por orfandade representativa consciente e parte do eleitorado de esquerda temerosa de uma nova lambada como a deste ano.

Se houver eleição, repito

Sabe aquela mãe que sempre protege o filhote e a culpa de tudo são os outros? O filho é um anjinho mas as companhias... “fulana” que é danada e levou minha lindinha a transformar em inferno a vida da menina diferente da sala. E assim vamos consolidando esta cultura do “o culpado é sempre o outro”. O político, o síndico, o comerciante da venda... o outro. Qualquer que seja.

Nossa propina pro guardinha que ameaçava nos multar é só um “pra cervejinha”. O troco errado a mais que embolsamos é uma espécie de ressarcimento pela exploração do empresário ganancioso. O imposto que este mesmo empresário não paga é porque “de que adianta se vão roubar”?

Tudo conversa velha. Mas eu aqui no meu cantinho estou só esperando para ver a reação dos brasileiros de bem quando o relho e a bala do justiçamento sumário institucionalizado atacar pra cima deles. E vai. Porque será o dono do relho e da bala quem vai definir merecimento. E, como acredito, este negócio de a culpa ser sempre do outro não é bem assim.

Cada um de nós é o outro do outro. Vai sobrar pra você ou pros seus também.

Sábado à noite e a despeito dos convites, opto por um Belini, um livro e lareira enquanto meu jantar está em andamento.

Poderia estar numa festa, poderia estar namorando, poderia qualquer coisa. Mas estou absurdamente contente aqui neste momento.

That's all, folks!