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Um “hospital” que só não dói no bolso

Desde que inventamos esta de escrever semanalmente no Baguete sobre televisão tenho feito um esforço além do humano para ver certos programas que lideram o Ibope.

Desde que inventamos esta de escrever semanalmente no Baguete sobre televisão tenho feito um esforço além do humano para ver certos programas que lideram o Ibope. Por mais telemaníaca que fosse, e nunca fui muito, jamais meu "paladar" suportou nível tão baixo quanto o dos programas que lideram em audiência.


E agora me obrigo a ver para não me tornar daquelas pessoas que nunca viram e não gostaram.


Feito este preâmbulo, para justificar-me ante os de bom gosto, estou com a TV ligada e nela passa "Plantão Méd..", ops, "Mulher". Novelão em película. Tsk, tsk, tsk. Só corrobora a tese de que televisão é ótimo, o que atrapalha um pouco é a programação.


Pra começar o roteiro. Horrível. O renomado Doc Comparato ataca de Sidney Sheldon sem sacanagem. Só sobra drama e miséria humana. Impossível suportar a série de doentes-terminais que passam na tela. E um diálogo permeado de frases lindas como : "a verdadeira dignidade está em lutar pela vida e não pela morte". Tocante. Vai fundo no fígado, embrulha o estômago e dá ânsia.


Onde estão os roteiristas? Não posso crer que seja falta de interesse das produtoras em contratar bons roteiristas.


Resumo da coisa para quem não viu. No mesmo hospital estão Rosa, com um câncer que a deixa em estágio terminal, e uma mulher com morte cerebral e grávida. De um lado, Rosa pressionando Dra. Patrícia "Cris" Pillar a praticar eutanásia. De outro, Dra. Eva "Martha" Wilma lutando para salvar ao menos o bebê da segunda. Dramas de consciência e muitas cenas de UTI depois, morrem Rosa e a grávida. Vive a criança.


E qual não é a surpresa final? Sim... o pai, sem saber o que se passava em "O Hospital", coloca em sua recém-nascida filha o nome de... Rosa. Lindo. Quase chorei.


Ainda bem que era na Globo. Ao menos por isso eu não pago.